Papo de boteco online: diálogo sobre amor e outros absurdos.

Além de adquirir papeis distintos em nossas vidas, existem pessoas que nos fazem sentir mais à vontade para conversar sobre assuntos específicos e explorar ideias peculiares. No caso da minha cara amiga Lidiane Ferreira, dentre tantos assuntos e fatos que compartilhamos frequentemente, estão os assuntos de natureza mais abstratas, ou no vocabulário da ZL, as “brisas” sem uso prévio de substancia psicoativa.
Em uma de nossas conversas por e-mail, o assunto foi o amor e romantismo (nada mais conflitante e abstrato nos dias atuais)confrontávamos essa ideia com os valores que são cultuados nos dias atuais e as maneiras "diferentes" e vazias de se relacionar. Fiquei tão orgulhosa com as colocações da minha amiga que prometi postar nesse humilde e insignificante blog. Segue a nóia concisa:

(14/11/2011 Início 12h22) Extensão de um papo que se iniciou dias antes na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (cenário das nossas melhores viagens mentais) no qual líamos poemas, poesias e crônicas de escritores que namoramos platonicamente:

Lidiane:
Olá nega boa tarde!! [...]  Lembra do poema do Drummond que mais gosto falando a respeito amor? Da uma lida nele é curtinho e demais :)

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você esta esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor. Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida. Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados... Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. E uma dádiva. Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia a deixem cega para a melhor coisa da vida: O AMOR !


Lindo não é?  rs bjokas

Cellys:
Oi Lidi doida! Boa tarde! [...] Nossa, lindo mesmo. Eu adoro essas melações, mas essas coisas me deixam com uma pontinha de tristeza, de carência. Sabe? Rsrsrs, mas mesmo assim não deixa de ser lindo! Faz tempo que eu não vivencio esses sinais... 

Lidiane:
Existe tbem outro poema que me faz pensar bastante, é lindo demais é do Arthur Távola [...] Dá uma lida:

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.

Bom eu estou fugindo de melações, mais é Lindo... Todas às vezes q leio este poema me da vontade de ter uma namorada rs. Ainda bem q não leio sempre! rsrsrsrs

Cellys:
Ahh!!! Esse eu conheço! já deixei esse "enlou-cresça" um tempão no nick do meu msn.. É lindo! Utópico, mas ainda sim, lindo... rs

Lidiane:
Perante a sociedade contemporânea q vivemos nega, tudo q está relacionado  ao amor é utópico...  O q resta para os últimos românticos do planeta terra é contemplar a beleza das musicas, rimas, pensamentos, amor platônico e poesias...

Cellys:
[...] Eu sou romântica amiga, não deixei de acreditar. O problema é encontrar alguém que compartilhe a mesma concepção... Por isso, até determinado ponto, amor como o das poesias mais inspiradoras e românticas é utópico! Ser humano bem resolvido este né? rs

Lidiane:
Hahahhahaha q papo mais meloso e acredito q tbem não tem conclusões e verdade absoluta. Mas às vezes me pego pensando se a gente não é influenciada por filmes, contos de fadas a cerca do mais nobre dos sentimentos (com certeza sim rsrs)... e tbem me pergunto o q seria amor- será q ele esta nas coisas mais simples ou nas grandezas? Será q é o sentimos ou o q fazemos, é o q faz sofrer ou o q eleva o ser humano ?  Ele é vários ou único? e por ai vai... Por isso q eu digo q não é regra, entre romances e poesias este simbolismo do amor oscila nas mais variadas formas e significados, para uns é utopia (nipe vc e eu "pessoas resolvidas" rs), outros válvula de escape, sofrimento, sublime, experiência... A descrição do amor depende de cada historia de vida, pois é esta q dá o sentido para as mais variadas emoções. 

 Acho q preciso tomar umas hoje rsrsrsrsrs

Cellys:
KKKKKKKKKK você tá que tá inspirada hoje hen? que coisa linda! Você deveria publicar isso!
Vou publicar no meu blog e escrever que foi você! rsrsrsrsrs

Lidiane:
Hahah meu baixou momento cantinho de pensamento com Lidiane rsrsrsr
Publicar? Jamais, parece conversa de boteco, ainda tenho uma reputação a zelar hahahahahahaha

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Pois é, aqui está nossa conversa de boteco via e-mail! A conclusão que tiro disso é que definitivamente não há conclusão, pois quando se fala de amor sempre se estará falando de algo subjetivo, influenciado pelas “descrenças” baseadas em decepções ou sonhos lindos inspirados em filmes...
Sim Lidi, talvez a gente seja as ultimas românticas, e isso merece uma música:


Carinho dado, lembranças eternas


Uma vida que deu luz a sete vidas, alimentou um vasto casamento, ofereceu carinho inúmeras vezes a filhos, netos e bisnetos levados. Amou, fez por onde ser muito amada, vivenciou e propiciou tantos bons momentos com sua família, sobreviveu a crises, dores, perdas importantes e continua resistindo a detrimentos da carne e do tempo.. Não sei se seus pensamentos se perderam ou se encontraram um lugar seguro afinal, sei que hoje sua memória é falha e frágil para se lembrar de minha face, mas as rugas não negam sua vivência, e meu coração nunca esquecerá todas as marcas boas que deixou... Sei que em algum lugar, em sua essência, estão guardadas as lembranças dos que você ama e dos que te amam... Apenas somos insuficientes demais para conseguimos ver...Por onde sua lucidez passeia? Continuo não sabendo, mas sua presença e personalidade está em um pouco de cada membro da família que você construiu, que não deixam morrer e nem mesmo esquecer de onde vem tanta expressão, emoção, espontaneidade e energia... Todos nós temos um pouco de Dona Rosa!
A você, nossa mais linda Rosa, Ipê que cresceu e floriu nossas vidas, vovó amada e matriarca de uma família abençoada: Estamos com você! Sua família te ama muito!


O que eu quero? Sossego!



Ora bolas, não me amole
Com esse papo, de emprego
Não está vendo, não estou nessa
O que eu quero?
Sossego, eu quero sossego


E no dia do sexo, um pouco de Luis Fernando Veríssimo:



SEXO NA CABEÇA

Lembro-me como se fosse há oito bilhões de anos.
Eu era uma célula recém-chegada do fundo do miasma e ainda deslumbrado com a vida agitada da superfície, e você era de lá, um ser superficial, vivida, viciada em amônia, linda, linda.
Nós dois queríamos e não sabíamos o quê.
Namoramos um milhão de anos sem saber o que fazer, aquela ânsia. Deve haver mais do que isto, amar não deve ser só roçar as membranas. Você dizia “Eu deixo, eu deixo”, e eu dizia “O quê? O quê?”, até que um dia. Um dia minhas enzimas tocaram as suas e você gemeu, meu amor, “Assim, assim!”. E você sugou meu aminoácido, meu amor. Assim, assim. E de repente éramos uma só célula. Dois núcleos numa só membrana até que a morte nos separasse.
Tínhamos inventado o sexo e vimos que era bom.
E de repente todos à nossa volta estavam nos imitando, nunca uma coisa pegou tanto.
Crescemos, multiplicamo-nos e o mar borbulhava. O desejo era fogo e lava e o nosso amor transbordava. Aquela ânsia. Mais, mais, assim, assim.
Você não se contentava em ser célula. Uma zona erógena era pouco. Queria fazer tudo, tudo. Virou ameba. Depois peixe e depois réptil, meu amor, e eu atrás. Crocodilo, elefante, borboleta, centopéia, sapo e de repente, diante dos meus olhos, mulher. Assim, assim! Deus é luxúria, Deus é a ânsia. Depois de bilhões de anos Ele acertara a fórmula. “É isso!”, gritei. “Não mexe em mais nada!”
— Quem sabe mais um seio?
— Não! Dois está perfeito.
— Quem sabe o sexo na cabeça?
— Não! Longe da cabeça. Quanto mais longe melhor! Linda, linda. Mas algo estava errado. Não foi como antes.
— Foi bom?
— Foi.
— Qual é o problema?
— Não tem problema nenhum.
— Eu sinto que você está diferente.
— Bobagem sua. Só um pouco de dor de cabeça.
— No caldo primordial você não era assim.
— A gente muda, né? Nós não somos mais amebas.
E vimos que era complicado. Nunca reparáramos na nossa nudez e de repente não se falava em outra coisa. Você cobriu seu corpo com folhas e eu construí várias civilizações para esconder o meu. “Eu deixo, eu deixo — mas não aqui.” Não agora. Não na frente das crianças. Não numa segunda-feira! Só depois de casar. E o meu presente? Depois você não me respeita mais. Você vai contar para os outros. Eu não sou dessas. Só se você usar um quepe da Gestapo. Você não me quer, você quer é reafirmar sua necessidade neurótica de dominação machista, e ainda por cima usando as minhas ligas pretas. O quê? Não faz nem três anos que mamãe morreu! Está bem, mas sem o chicote. Eu disse que não queria o sexo na cabeça, Senhor!
— Nós somos como frutas, minha flor.
— Vem com essa…
— A fruta, entende? Não é o objetivo da árvore. Uma laranjeira não é uma árvore que dá laranjas. Uma laranjeira é uma árvore que só existe para produzir outras árvores iguais a ela. Ela é apenas um veículo da sua própria semente, como nós somos a embalagem da vida. Entende? A fruta é um estratagema da árvore para proteger a semente. A fruta é uma etapa, não é o fim. Eu te amo, eu te amo. A própria fruta, se soubesse a importância que nós lhe damos, enrubesceria como uma maçã na sua modéstia. Deixa eu só desengatar o sutiã. A fruta não é nada. O importante é a semente. E a ânsia, é o ácido, é o que nos traz de pé neste sofá. Digo, nesta vida. Deixa, deixa. A flor, minha fruta, é um truque da planta para atrair a abelha. A própria planta é um artifício da semente para se recriar. A própria semente é apenas a representação externa daquilo que me trouxe à tona, lembra? A semente da semente, chega pra cá um pouquinho. Linda, linda. Pense em mim como uma laranja. Eu só existo para cumprir o destino da semente da semente da minha semente. Eu estou apenas cumprindo ordens. Você não está me negando. Você está negando os desígnios do Universo. Deixa.
— Está bem. Mas só tem uma coisa.
— O quê?
— Eu não estou tomando pílula.
— Então nada feito.
Mais, mais. Um dia chegaríamos a uma zona erógena além do Sol. Como o pólen, meu amor, no espaço. Roçaríamos nossas membranas de fibra de vidro, capacete a capacete, e nossos tubos de oxigênio se enroscariam e veríamos que era difícil. Eu manipularia a sua bateria seca e você gemeria como um besouro eletrônico. Asssssiiiim. Asssssiiiiim.
Um dia estaríamos velhos. Sexo, só na cabeça.
As abelhas andariam a pé, nada se recriaria, as frutas secariam. Eu afundaria na memória, de volta às origens do mundo (o mar tem um deserto no fundo). Uma casca morta de semente, por nada, por nada. Mas foi bom, não foi?

Lamentável

Em vez de perguntar:
Você QUER?

Já se perguntou:
Eu QUERO?


Eu ouvi de uma amiga do trabalho essa semana que morou durante anos no Canadá:


[...] "ai estávamos conversando sobre trabalho e música e ele logo notou meu sotaque... falei que era brasileira e ele imediatamente associou ao carnaval, aquelas mulheres nuas sambando e pior.. ao funk carioca! Perguntou se eu sabia e gostava de dançar até o chão, isso porque ele mal sabe o que as letras dizem... foi o fim da conversa, infelizmente essas coisas torna sua naturalidade vexatória no exterior" [...]


Me senti sumamente triste e envergonhada ao ouvir isso. Embora o comentário não tenha sido dirigido   por um canadense, tomei todas as dores de minha amiga. É uma injustiça sem tamanho essas generalizações de mal gosto, com tantas riquezas que nossa terra linda possui (inclusive culturais e musicais). Mas sinceramente, pensando em determinados pontos como o funk carioca junto ao que retratam da mulher, tem jeito de não ser vexatório???? Infelizmente é essa a triste e equivocada imagem do que podemos oferecer para os que olham de imediato:  mulheres lindas, corpulentas (o que não é beeeeem verdade em uma boa e considerável parte), nuas e sensuais, fáceis, liberais e "novinhas"... uma casa de prostituição. E para sentir vergonha, não é necessário pensar só no de conceito para outros países, e sim olhar em volta e ver o que estão fazendo com a imagem da mulher em especial.





Grande Carlos Drumond de Andrade !!!!

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai"?
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente sentimos.

Heartless - The Fray

Coração quebrado, más interpretações e ignorância... Já chega né?


Facebook, o novo espelho de Narciso


As mulheres estão se tornando maioria nas redes interativas; a vaidade e a necessidade de afirmação da identidade podem explicar o interesse feminino por esse recurso tecnológico
por Isabelle Anchieta
As mulheres gastam mais do que o dobro do tempo dos homens no Facebook: três horas por dia, enquanto eles gastam uma hora, em média. Entrar na rede social é a primeira ação diária de muitas delas, antes mesmo de irem ao banheiro ou escovarem os dentes. Uma atividade cumprida como um ritual todos os dias – e noites. Em um estudo, 21% admitiram que se levantam durante a noite para verificar se receberam mensagens. Dependência? Cerca de 40% delas já se declaram, sim, dependentes da rede. Elas são a maioria não só no Facebook (onde representam 57% dos usuários); também têm mais contas do que os homens em 84% dos 19 principais sites de relacionamentos.



Essas são algumas revelações da pesquisa feita pelas empresas Oxygen Media e Lightspeed Research, que analisou os hábitos on-line de 1.605 adultos ao longo de 2010. Mas cabe ainda perguntar: que motivos levam as mulheres a ficar tanto tempo na frente do computador? Vaidade? Necessidade de reconhecimento? Seria esse fenômeno uma nova forma de autoafirmação? Uma maneira de desenvolver sua individualidade aliada ao reconhecimento do outro? Será essa uma nova forma de buscar sociabilização? 

Mais do que procurar uma resposta fácil, cabe, antes, compreender por que a auto-representação é mais importante para as mulheres que para os homens. Historicamente as representações femininas foram fabricadas por motivações sociais diversas: míticas, religiosas, políticas, patriarcais, estéticas, sexuais e econômicas. E, há mais de vinte séculos, essa fabricação esteve sob o poder masculino. As mulheres não produziam suas próprias imagens, eram retratadas. 

Em obras de arte célebres vemos inúmeras Vênus adormecidas, (como as de Giorgione, 1509; Ticiano, 1538 e Manet, 1863); Madonas castas (nas imagens religiosas das catedrais católicas como as pintadas por Giotto, no século13, e Botticelli, no 15) ou mulheres burguesas no espaço doméstico cuidando da cozinha e da educação dos filhos (como as pintadas por Rapin e Backer no século 19). Eram cenas “pedagógicas”, que ensinavam o valor da maternidade, da castidade, da beleza e da passividade.


O pano de fundo dessas produções artísticas era uma tentativa masculina de “gerenciar” o imaginário feminino, transmitindo sugestões sobre a conduta social desejada até uma estética sexual e familiar. Como enfatiza a historiadora Anna Higonnet “os arquétipos femininos eram muito mais do que o reflexo dos ideais de beleza; eles constituíam modelos de comportamento”. Sua capacidade de persuasão era ativada pelo contexto cultural. Um exemplo pontual, mas significativo, pode ilustrar essa hipótese. O nu é quase sinônimo do “nu feminino”. Do Império Romano, passando pelo Renascimento, pela Modernidade e até os dias de hoje, o corpo da mulher reflete os ideais estéticos predominantes.



A historiadora francesa Michelle Perrot chegou a afirmar que “a mulher é, antes de tudo, uma imagem”. Aqui sua ênfase é irônica. Refere-se a uma forma de retratar que associava os cuidados com o corpo, os adornos, as vestimentas e a beleza em geral à atividade, ou melhor, à ociosidade tipicamente feminina”, enquanto os homens deveriam se ocupar de tarefas consideradas sérias: política, economia e trabalho. 



Quando a era moderna pareceu, enfim, trazer a emancipação da mulher, a conquista revelou-se contraditória. Estar na moda, ser magra, bem-sucedida e boa mãe tornou-se uma exigência. Com a ajuda do photoshop, top models, estrelas de televisão e cantoras exibem nos meios de comunicação o êxito que conquistaram em todos os aspectos do sucesso – o que, na prática, nem sempre é verdade. Elas, em geral, são tão “irreais” quanto a Vênus grega. A verdade é que a mídia veicula uma série de estereótipos sobre como agir que se tornam um peso para a mulher. Não devemos nos esquecer de que quem assume o comando é o mercado interessado em vender roupas, revistas e produtos destinados ao público feminino – e não propriamente a mulher. Assim, mesmo no século 20, quando pareciam ganhar “autonomia”, elas passaram a ser atormentadas por padrões estabelecidos por outra base imaginária: a do consumo.



O que muda no século 21 para as mulheres que utilizam as redes sociais? Quanto à importância da imagem, nada. Ela -continua a ter papel central para a identidade social feminina, confundindo-se com ela. Por outro lado, vivemos, sim, uma revolução: pela primeira vez a mulher passa a se autorrepresentar, a produzir representações de si publicamente. Essa produção não está mais sob o domínio exclusivo dos homens, nem restrita a um grupo de mulheres como as artistas (atrizes, fotógrafas, cineastas, pintoras, escultoras etc.) ou as modelos. As mulheres comuns tornam-se protagonistas de sua vida. Chegam a dispensar a ajuda de outra pessoa para tirar a própria foto: estendem o braço e miram em sua própria direção. Algumas marcas de câmeras fotográficas desenvolveram inclusive um visor frontal para que a pessoa possa ajustar o foco caso use o equipamento para se fotografar. 



A mulher “hipermoderna” reivindica algo novo: o seu protagonismo público e sua “autenticidade”. O que se soma, agora, à revolução tecnológica da sociedade capitalista. Com acesso facilitado a câmeras digitais, a telefones móveis que dispõem desse equipamento e à rede, além da existência de uma plataforma que dá suporte ao armazenamento e oferece possibilidades ao usuário para compartilhar essas imagens pela internet, a mulher passa a se autofotografar nas mais diversas ocasiões, de situações corriqueiras a viagens. Nas palavras do filósofo Gilles Lipovetsky: “O retrato do indivíduo hipermoderno não é construído sob uma visão excepcional. Ele afirma um estilo de vida cada vez mais comum, ‘com a compulsão de comunicação e conexão’, mas também como marketing em de si, cada um lutando para ganhar novos ‘amigos’ para destacar seu ‘perfil’ por meio de seus gostos, fotos e viagens. Uma espécie de autoestética, um espelho de Narciso na nova tela global”.



DITADURA DA ESPONTANEIDADE

Nesse novo ambiente o artificialismo e a mistificação da imagem passam a ser “out”. Deusas etéreas cedem espaço a mulheres que querem ser vistas como “reais”: escovam os dentes, fazem caretas para a câmera, dirigem seu carro e não se importam em ser fotografadas em momentos que antes estariam à margem da esfera pública. Tanto que 42% das usuárias do Facebook admitem a publicação de fotos em que estejam embriagadas e 79% delas não veem problemas em expor fotos em que apareçam beijando outra pessoa. A regra é: quanto mais caseiro, “mais natural”; melhor. O que não significa que essa imagem seja, efetivamente, “natural”, mas que há agora um “gerenciamento da espontaneidade”. 

O imperativo da representação feminina nas redes sociais é: “seja espontâneo”. Uma norma paradoxal, assim como a afirmação “seja desobediente, é uma ordem”, escreve o sociólogo Régis Debray. Ele faz uma interessante leitura do que poderíamos chamar de “ditadura da espontaneidade”. Segundo o autor, abandonamos o culto da morte, vivido pelas sociedades tradicionais e religiosas, para vivermos o “culto da vida pela vida” – uma espécie de “divinização do que é vivo” que se apoia no eterno presente e não mais em uma crença no além. 

Vemos emergir mulheres que cultuam o que veem no espelho e postam, “religiosamente”, novas imagens de seu cotidiano – sem que tal culto resulte em algum tipo de censura externa ou de autocensura moral. Em outro contexto, como durante o período em que a religião católica era dominante, esse “culto de si” e ao corpo seria considerado um dos sete pecados: a vaidade. Esse imaginário, aliás, é muito bem representado por um quadro do séc. 15, de Hieronymus Bosch, no qual o demônio segura um espelho para que uma jovem se penteie. 

Hoje o novo espelho global não é marcado pela vigilância moral. Ao contrário, há um contínuo incentivo da cultura para que as mulheres “se valorizem”, busquem sua singularidade e não se baseiem mais em modelos inalcançáveis (como as top models e outras famosas). E para que percebam em si mesmas uma possibilidade legítima e singular de ser no mundo.


A própria familiaridade e aproximação da mulher com o universo da produção de auto-representações pode levá-la a questioná-las. As mulheres já estão, como escreve Lipovetsky em seu livro A tela global, “cultivadas” pela mídia. Educadas em sua gramática, sabem que ophotoshop, a produção e a edição das imagens criam uma mulher irreal e passam a ver essas representações “entre aspas”, distanciando-se criticamente delas. Elas aprendem com recursos autoexplicativos a modelar sua iconografia, a alterá-la, brincar com ela ou melhorá-la (possibilidades, antes, restritas aos profissionais). 


Mas a consagração do “culto de si” não significou um isolamento da mulher. Os álbuns publicados nas redes sociais conciliam, contra todas as expectativas, o individualismo e as trocas. Um se alimenta do outro. Há um ciclo: exponho minha individualidade, acompanho a do outro e ele a minha e, assim, somos incentivados a produzir e expor, cada vez mais, as nossas imagens. Trata-se do nascimento de uma “identidade coletiva”, em que a individualidade não elimina a interação, mas é seu motor. Nesse sentido, a identidade coletiva não é produto apenas de uma adesão grupal e sim uma forma de negociação de posições subjetivas – esse é o paradoxo identitário a ser considerado. 

Fotos pessoais e “amigos” virtuais (ou não) ditam o ritmo desse espaço interativo. Quanto mais caseiro, mais cotidiano, mais espontâneo, maior o número de relações entre as pessoas, que passam a valorizar a autenticidade e a vida de quem é “próximo”, “real”. Há, na base desse fenômeno, uma democratização dos desejos de expressão individual na medida em que as mulheres buscam conquistar espaços de autonomia pessoal – que traduzem a necessidade de escapar à simples condição de consumidoras daquilo que outros produzem. Elas querem colocar seu rosto no mundo. Aparecer ou não na “tela global” passa a ser uma questão de existência. Por essa razão, ter visibilidade e oferecer sua identidade publicamente é conferir importância à própria existência. O que é, também, uma forma de poder. Nesse ponto a mídia – como campo de visibilidade – passa a ter papel central para entendermos a luta simbólica pelo reconhecimento.

No entanto, essa “democratização” da auto-representação feminina não deve ser tomada como sinônimo do fim da competição estética e ética entre as mulheres. O que tudo indica, o que presenciamos não é a instauração de uma igualdade, mas a ampliação do número de mulheres na disputa por visibilidade e poder. Amplia-se, assim, a arena para buscar um poder que não está dado de antemão, mas que deve ser conquistado e manejado pela apresentação e representação de suas singularidades, de suas diferenças. Um agir que se manifesta na criação, no controle e no poder simbólico de sua própria imagem no espaço público, que só se realiza com o reconhecimento do outro nas interações sociais, associativas e na ampliação dos círculos de reconhecimento que estão dentro e fora do espaço de produção da imagem.



Narciso (1594-1596), por Caravaggio.

Isabelle Anchieta
 é jornalista, doutoranda em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em comunicação social pela UFMG.

Retirado de:
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/facebook_o_novo_espelho_de_narciso.html

No mundo onde vivo...

No mundo onde vivo tem produtos que valem mais que pessoas,

No mundo onde vivo tem pessoas virando "coisas" para ser valorizado,

No mundo onde vivo não se vê a matéria prima, a essência...

No mundo onde vivo o que vale é a aparência,

No mundo onde vivo felicidade é enlatada e só têm quem pode comprar,

No mundo onde vivo as pessoas riem das tragédias para não chorar,

No mundo onde vivo não se come para nutrir e sim para encher a barriga,

No mundo onde vivo alguns têm, outros não, mas todos querem,

No mundo onde vivo você é o que têm,

No mundo onde vivo a mentira é usada para retardar a dor, mas não serve para anulá-la,

No mundo onde vivo os valores são feitos de palavras e vento,

No mundo onde vivo o vento tem cheiro do que se valoriza,

No mundo onde vivo é cada um por si... é de quem chegar primeiro,

No mundo onde vivo achado não é roubado e roubado não é achado,

No mundo onde vivo não se usa o que é para amar,

No mundo onde vivo se ama o que é para usar,

No mundo onde vivo se usa aquilo que degrada,

No mundo onde vivo é feio não ser igual,

No mundo onde vivo chorar é feio também,

No mundo onde vivo não se respeita Deus,

No mundo onde vivo Deus só serve para os momentos de desespero,

No mundo onde vivo se faz o "social" para ser aceito,

No mundo onde vivo o mundo não é respeitado,

No mundo onde vivo o que é respeitado são os interesses individuais,

No mundo onde vivo as pessoas se suicidam e matam seus filhos,

No mundo onde vivo a paz é dita,

No mundo onde vivo a violência é feita,

No mundo onde vivo os discursos são desconsiderados,

No mundo onde vivo "eu te amo" é "bom dia",

No mundo onde vivo prevalece a volúpia.



SÃO MATEUS EM MOVIMENTO - Dias das crianças 2010.



Conviver é Aprender... Me ensinam mais que qualquer conhecimento acadêmico formal!

Vilarejo - Marisa Montes (contradições!)

Situação: Eu, (por volta das 7 da manhã) um mero indivíduo amassetado em transporte publico, carregando em uma das mãos a alça da mochila pesada contendo livros, textos, pastas com trabalhos, cadernos, marmita e coisas de mulher. A outra mão estendida para o alto, segurando o pedacinho de ferro que sobrou para tentar se equilibrar, pés quase juntos devido a disponibilidade de espaço, um dos fones do celular no ouvido direito e o outro não sei aonde por ter caido com o saculejo do onibus (adoro descrever meus momentos de sufoco), quando derrepente ouço: "vem andar e voa, vem andar e voa, vem andar e voa..." . Não lembro por onde estava passando ou olhando, só lembro de ter mergulhado de cabeça nessa musica... Ouvindo aquela letra confortante, viajando na voz suave de Marisa Montes, esqueci por alguns minutos a situação desagradável. Imaginava o vilarejo e sua calmaria... Senti, mas uma vez, o poder de trasição que a música nos permite fazer em alguns momentos. Escutei ali tudo o que eu gostaria de ter naquele momento e que, mentalmente, tive. Definitivamente, a grande inspiração que os compositores possuem para escrever letras de musicas é o desejo de ter, ser, fazer... etc...

Quando fui procurar o clipe no Youtube (já cogitando uma postagem no blog) e vi a música linda e bucólica, que me remeteu à calma e a  sentimentos nobres, contrastada num video com cenas fortes de guerra, desordens de todos os tipos, extremistas religiosos, crianças armadas, pobreza, superpopulação, violência e tudo de ruim que a raça humana acumula à milhões de anos. Eu sabia que era propositado, mas de cara não entendi a extrema contradição.  Pesquisei na internet alguma crítica sobre a música, a fim de entender melhor a incongruência entre clipe e música e achei um recorte da entrevista publicada no O Estado de São Paulo, com a opinião da própria Marisa, que justifica a idéia de Vilarejo:

"A gente fica sempre cobrando transformações do mundo, do governo, do Lula, do ministro, do Congresso e não sei o quê. Acho que o indivíduo é a sociedade. Então, essa canção fala de todas aquelas coisas maravilhosas que o mundo poderia ser e é também um olhar contrastante em relação ao que a gente vive hoje", diz. "É muito ingênuo e leviano achar que alguém vai mudar alguma coisa se a gente não mudar cada um de nós. Acredito que essa é a única transformação possível no Brasil: todo mundo não jogar lixo na rua, na praia, não fazer xixi na esquina, reciclar seu lixo, pegar o cocô do seu cachorro, todo mundo eleger melhor o Congresso, ser um consumidor consciente", prossegue. "Vilarejo fala no final: `tem um verdadeiro amor para quando você for´. Quer dizer, qualquer um pode ter esse lugar. É uma questão de transformação interior, de decisão individual."

Mudar o mundo, conforme a minha opinião, é algo utópico e vai além de não jogar o lixo na rua, não fazer xixi na esquina e outros exemplos de atitudes externas que Marisa citou. Acredito que é uma questão de estrutura interior de personalidade, está no manejo das relações interpessoais que são estabelecidas a partir de crenças e paradigmas constitucionais... coisas que são plantadas na gente desde o nascimento. Um exemplo simples e obvio são as intrigas entre religiões: quem vai confrontar o Deus da pessoa e dizer o que é certo ou errado para o bem de todos? ou melhor, quem que mudaria o seu comportamento, ditado pelo ser que garante sua felicidade eterna, sua segurança em vida carnal, que perdoa todas as suas falhas para se relacionar com um pecador que não acredita nesse seu Deus e faz tudo o que ele desaprova?  É o grande ponto de interrogação que há e que sempre houve desde que se fala de mundo. Mudar seu interior tão bruscamente a ponto de ter paz no mundo é algo muito difícil ou impossível. Não descartando os dizeres de Marisa, (até porque quem sou eu para fazer isso), atitudes simples promovem grandes mudanças! acho que o respeito em pequenos gestos, são primeiros passos, não suficiente para mudar o todo, mas amenizadores da degradação atual.

Potencialidade para modificar seu interior, seja evoluindo ou regredindo, todos nós temos. O problema é que esse processo nunca acontecerá em todos juntos ao mesmo tempo. Sempre haverá alguma desigualdade, algum conflito...

Vamos sonhar com o Vilarejo:


Há um vilarejo ali
Onde Areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa


Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for


Doce teimosia retrograda.

Como qualquer criatura não muito atípica que habita a terra, anseio afastar tudo que consterna minha alma, aquilo que se difere dos meus desejos... Remover como se fosse prático e simples. A necessidade de trazê-las a mente para elaborá-las, compreendê-las e lidar melhor com tais experiências é algo claro na teoria, mas como é difícil tornar coeso o evocar da dor que aperta o peito e que trás culpa, revolta, nos deixa perdido.  Com metáforas [meras tentativas fracassadas de descrever ou dar sentido às sensações abstratas] aqui exponho:

A dor de dentro poderia ser fácil de tratar como a dor do corpo, poderia haver uma anestesia que imuniza da aflição enquanto se resolve o problema... Como extrair um dente ruim num consultório odontológico. É realmente uma pena que não exista anestesia que impeça o tormento da extração da dor interna... Queixo-me por não existir esse remédio como uma criança que lamenta não existir o Papai Noel ou ter uma casa de chocolate: Algo irracional, mas lamentável.
Pensar nas moléstias que tentamos esconder é como arrancar a casca de ferida de um corte profundo mal cicatrizado: dói, sangra, visualizamos o aspecto feio da pele e a nossa fragilidade muitas vezes não reconhecida ou negada.
Lembro-me da ultima vez que passei mal, acometida por uma má digestão. Diante de uma intensa vontade de vomitar, em vez de regurgitar o alimento mal digerido, tentava de todas as maneiras possíveis evitar o vômito, tomando todos os medicamentos e chás que me recomendavam. Minha mãe então me dizia “Menina! Acaba logo com isso, depois que você coloca para fora passa o mau estar”, mas eu odeio vomitar! Não suporto o gosto amargo, a aparência desagradável e mal cheirosa e o pior de tudo, depois que começa se perde o controle, se permitir o primeiro impulso, não consegue mais parar por vontade própria... Tenho medo disso. Embora isso não seja algo recorrente, desde criança, toda vez enquanto vomito, eu choro.
Assim é o refluxo daquilo que azucrina nossa alma. Diferente do vômito que, por pura lógica, sabe-se que uma hora pára de sair, não se pode ter a mesma certeza do conteúdo da mente e expansão da afetividade reprimida. Há um medo de se deparar com uma incapacidade de controlar e de não conseguir estancar o sangue da ferida que dói.
 Porque não tirar a casca da ferida? Porque a casca é uma extensão da pele, é criada para reparar a ferida que se formou... Se retirada, novamente ali haverá uma ferida que pode voltar a doer. Depois da dor vem o alívio (clichê?), mas a ferida deixa marcas, cicatrizes... E o que garante que esse vestígio não causará dor nunca mais? Então porque desenterrar o que insistentemente escondemos nas profundezas? Enfim, é uma eterna briga entre razão/racionalização e a sensação/sentimento.
Não espero respostas prontas e simples porque ainda não me sinto capaz e crente de que alguém me dará tais revides além de minha própria vivência. Torço para não ser vencida pela aversão e que a curiosidade e a intrepidez sejam sempre maiores. Embora não tenha como negar que sempre existira o medo do desconhecido... Mesmo que esse desconhecido esteja em você, ou seja você.

Feliz Ano Novo Para Mim! Meus sinceros votos...

Que meus sofrimentos pelas perdas sejam levados e que permaneçam as lembranças boas daqueles que foram embora de minha vida e aquilo que me fez aprender... Que as pancadas que sofri criem calos para conseguir resistir aos que inevitavelmente aparecerão no meu curso de vida... Mas que também haja equilíbrio e que meu coração não fique cinzento e sem esperanças de felicidade. Que minhas conquistas e realizações tripliquem em relação a 2010 (que considerei um ano farto). Que meus olhos não deixem de brilhar diante das novidades esperadas e inesperadas, que meu corpo acompanhe e agüente com firmeza e saúde todos os planos e sonhos que vorazmente criei dentro de mim. Que eu consiga ficar mais perto das pessoas que verdadeiramente me amam pra dar e receber amor e acolhimento. Que eu viva coisas especiais com essas pessoas e que conheça e descubra muitas outras, para trazê-las ou afastá-las de mim. Que haja sintonia em mim mesma! Que eu desvende mais segredos e entre em contato cada vez mais profundo com esse “eu” ... esse tão complexo e misterioso “eu”. Muitas surpresas (porque adoro surpresas), muitas novas experiências e que tais experiências tornem-se conhecimento... Tijolinhos pro castelo (como aconselha F. Pessoa) ...E para a vida material: Saúde, dinheiro, muita comida e não muito peso.

Ano novo... Sorte nova e melhor! (assim espero)

Alma e Carne


A alma o tempo enriquece,
A carne o tempo a envelhece... definha...

Na alma o conhecimento que a vida passa,
Na carne a marca que o homem tenta apagar.

A alma que sobrevive à morte do corpo,
A carne que não existe sem alma.

A alma que se vê na a arte e nas simples atitudes,
A carne que se vê no reflexo do espelho.

A alma que não tem cor,
A carne colorida e fantasiosa.

A carne que busca prazeres,
A alma que tenta diminuir as franquezas.

A carne que come outra carne,
A alma que procura sua gêmea.

A alma que se toca com música e poesia,
A carne que apalpa com mãos próprias e alheias.

A alma escuta,
A carne fala.

A alma perdoa,
A carne julga.

Religiosos, crentes ou não... Todos têm alma e corpo,
Mas vale o alento à alma do que o alimento da carne.

Para aquela que faz meus dias mais felizes: Giovanna ♥



Adoro seu riso cristalino que ressoa por toda casa e que invade meu coração, adoro a birra (isso você não pode saber!) e o bico que faz quando fica zangada, adoro a cara de sapeca, o cinismo ao tentar disfarçar a arte. Os cabelos feitos em molas douradas que se armam quando corre no vento, os olhos cor de mel com pintinhas verdes quando está sob o sol, as bochechas gordas e rosadas, o pé que parece um pãozinho, a pinta no final da sobrancelha direita... És perfeita em seus traços físicos, em sua perspicácia e inteligência! Na sua pureza de criança doce...

Divirto-me a cada palavra nova que aprende e suas expressões que surpreende!
Encho-me de orgulho quando ouço que, em algum aspecto qualquer, se parece comigo. E quando chora? Ah! Ai meu coração se desmancha de vez e meus sentidos se voltam somente a encontrar uma maneira de fazer cessar as lágrimas e arrancar-lhe um sorriso! Existe sim uma coisa que lamento em você: não ter saído da minha barriga! Rs Mesmo assim sou grata pelo presente mais lindo que Deus me deu que é a sua vida na minha! Com certeza é a coisa mais preciosa que aconteceu! Minha dose diária de felicidade...
Ê menininha! Como eu amo você!

Com amor de sua apaixonada madrinha:  “Táta”.

Falar só por falar...

Certa vez li que começamos a crescer quando rimos de algo que nos fez chorar.

É com muito contentamento que informo que comecei a engatinhar.

Sem mais!

Que melodia!

Para meus momentos de nostalgia.... uma dose de C. L

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre

Lição de hoje

Hoje, na escola da vida, aprendi o que significa a palavra decepção: "Sentimento de tristeza, descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado desilusão, surpresa desagradável, ato de enganar" (Significado retirado de um dicionário virtual)

Embora se especule muito sobre seu significado, nada como a experiência própria para entender... Como sentir alma à mercê da lei da gravidade, como a surpresa que chega bruscamente e o atira com violência ao chão, como ver desmoronar as falsas concepções que pautavam sonhos, como o choro que desce copiosamente pela face ferindo a pele, como agonizar em seu próprio pensamento contaminado pelas cenas sorrateiras, como o corpo que  insiste em se encolher buscando inibir a dor que toma espaço, como a alma se questiona e grita por conforto e apoio e intimamente espera que tudo não tenha passado de uma brincadeira de mau gosto. A espera de alguém ou alguma coisa que certifique com avidez e garantia absoluta que tudo vai ficar bem. Uma dor intensa... tão intensa e tão real que é como se fosse possível pegá-la dentro de si e aperta-la nas mãos, sentir sua textura rígida e o peso que fadiga o peito. É olhar para si e não se reconhecer em sua fragilidade, é se espantar com o tamanho da queda, é tomar consciência da altura do galho da árvore que repousava pela ferida que se formou ao cair.  Nada como viver o luto de um sonho pra ensinar o fidedigno significado da palavra decepção. Se permitir odiar, querer mas não conseguir perdoar...



                   

Cidadão de Papelão - Teatro Mágico





Não há vida, se habitua ....

☼ Carolina Salcides

Busco o estado em que minha alma resplandeça
Esta, goza somente em liberdade e plenitude

Vibra ao menor sopro que um vento teça
E inóspita fica quando se enche de inquietude...

De almas desérticas meus olhos desviam
Busco amores afins

Paisagens vivas, puras e solitárias
Vou no sentido contrário, na profundeza das coisas.

Estou encontrando-me. Vivendo para mim.
Tão bom voar, mas melhor ainda caminhar observando.
Estou egoísta...
As palavras são só minhas, e os dias e as noites...

Desconectei-me. Desprendi.
Andei por novos rumos, me despedi.

Desculpem a ausência, eu estava comigo..

Felicidade? Freud explica:

O objetivo para o qual o princípio do prazer nos impele — o de nos tornarmos felizes — não é atingível; contudo, não podemos — ou melhor, não temos o direito — de desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra. Caminhos muito diferentes podem ser seguidos para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objetivo, o atingir do prazer; outros o negativo, o evitar da dor. Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que desejamos. Naquele sentido modificado em que vimos que era atingível, a felicidade é um problema de gestão da libido em cada indivíduo. Não há uma receita soberana nesta matéria que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o método através do qual poderá alcançar a felicidade. Toda a espécie de fatores irá influenciar a sua escolha. Depende da quantidade de satisfação real que ele irá encontrar no mundo externo, e até onde acha necessário tornar-se independente dele. Por fim, na confiança que tem em si próprio do seu poder de modificar conforme os seus desejos. Mesmo nesta fase, a constituição mental do indivíduo tem um papel decisivo, para além de quaisquer considerações externas. O homem que é predominantemente erótico irá escolher em primeiro lugar relações emocionais com os outros; o tipo narcisista, que é mais auto-suficiente, procurará a sua satisfação essencial no trabalho interior da sua alma; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo no qual pode experimentar o seu poder.
  • Sofrimento e evitação:
Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer. 





- Manuscrito de Chico Science da música "A Cidade" (1988), gravada em 1993, com algumas alterações na letra. Foi o primeiro sucesso da banda Chico Science e Nação Zumbi e também a primeira canção a ganhar videoclipe.

Gabriel O Pensador- Pão de cada dia

Varias faces da pobreza e da corrupção!
Muito interessante para refletir!
Aproveitem:




Mais um dia de trabalho querido diário
Eu ralo feito otário e ganho menos do que eu valho mas necessito de salário que é bem menos que o necessário 
Hoje os rodoviários tão em greve por melhores honorários e eu procuro um que me leve 
Eu tenho horário 
Não posso chegar atrasado não posso ser descontado 
Se eu falar que foi greve meu chefe pode ficar desconfiado 
E se o desgraçado quiser me dar um pé na bunda eu vou pro olho da rua e rapidinho ele arruma outro pobre coitado 
Desempregado desesperado é que mais tem (olha o ônibus!!) Hein? 
Já vem lotado gente pra cacete vidro quebrado (Foi piquete) motorista com um porrete do lado
Ele furou a greve porque também teme ficar desempregado 
Deixar seu filho desamparado 
Quem sabe ser despejado do barraco 
(E o aluguel lá no morro também já ta puxado 
Eu nem sei se eu tô sendo otário ou esperto 
Eu tô aqui mas também tô torcendo pra greve dar certo) 
Eu fico calado porque eu também tô preocupado
O meu salário até o fim do mês já ta contado e o meu moleque tá todo gripado 
Se eu tiver um imprevisto eu vou ter que comprar remédio 
Num sei como é que eu faço 
Eu num sô médico 
Se precisar eu vou ter que pedir um vale na batalha 
Como um esfomeado pede uma migalha 
E o canalha lá pode até negar e aí vai ser pior 
Porque o meu único ganha-pão é esse meu suor

Preciso do pão de cada dia e num sô filho do padeiro 
Então preciso do dinheiro

Eu tô no meu carro 
Me olho no espelho... 
Eu acho hilário 
Eles acham que eu num trabalho só porque eu sou um "empresário" 
Meus funcionários devem achar que eu sou um porco mercenário 
Mas eu num sô nenhum milionário 
Pra ser mais claro eu tô num mato sem cachorro 
Se eu corro o bicho pega 
Se eu fico o bicho come 
Pra quem vou pedir socorro? 
Chapolim? Super-homem? 
As despesas me consomem 
Os lucros são poucos e ainda tenho que pagar meus homens e zelar pelo meu nome 
Que Sufoco! O governo num ajuda 
Empréstimo de banco nem pensar! 
Sem contar faculdade dos filhos pra pagar 
Eles pensam que eu sou marajá!! (Num dá?) 
Não vai dar "Insensível você diz" mas é impossível eu te aumentar "impossível te fazer feliz" 
Eu nunca quis ver meus empregados cansados com fome 
Mas o aumento tá negado 
Agora some que eu tô ocupado no telefone 
Eu não sou Raul Pelegrini 
Essas coisas me deprimem e tal "Mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau" 
Durão afinal eu sou o patrão 
Não posso ser sentimental
Porque eu não tenho dinheiro de sobra 
Talvez tenha que demitir mão de obra com urgência 
Eu não consigo dormir 
Não consigo superar a concorrência 
Não sei se eu vou infartar ou se eu vou à falência

Refrão

(Melhor do que dar um peixe a um homem é ensiná-lo a pescar) 
Então em ensina onde eu pesco grana porque peixe só tem se comprar 
Tem que pagar pra comer 
Tem que pagar pra dormir 
Tem que pagar pra beber pra esquecer e até pra morrer tem que ter pois vão te pedir (dinheiro) pro enterro (dinheiro) pro caixão (dinheiro) pro velório (dinheiro) pro sermão 
Também é caro parir 
Pagaram pr'eu entrar e eu rezo pra num sair daqui 
E eu tenho que me cuidar porque o dinheiro mesmo pode interferir no nosso destino 
Fazer o sino tocar 
Influenciar qualquer menino a nos matar 
Você não sabe o que é capaz de fazer por dinheiro alguém que não tem nada a perder e vê a TV do mundo inteiro mostrar tudo o que há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço 
O único caminho é pro alto nem que seja por cima do seu cadáver 
Moço 
Eu vejo isso o tempo inteiro 
Eu sou coveiro (sério?) 
Sem mistério 
No cemitério é onde eu cavo o meu pouco dinheiro 
Eu sou importante Deus ta de prova 
A todo instante ele me manda gente e eu sempre abrindo as covas 
Até hoje eu não sei se ele me perdoou do dia em que eu mexi naquele defunto cheio de dente de ouro 
Dei uma de dentista e deixei o rosto do corpo todo torto 
Mas é que eu ganho muito pouco 
Aliás eu num tenho nem onde cair morto

Refrão

Eu sou PM 
Não pense que é fácil 
Tem que ser malandro pra viver se arriscando rondando pra cima e pra baixo 
Na corda bamba 
Posso tombar na próxima curva e minha mullher em casa estraga as unhas com medo de ser viúva 
E os meus nervos também não são de aço 
Meu caráter muito menos por isso eu sempre faço meus cambalachos 
Com o tráfico eu já tô mancomunado 
Quando eu não tô dormindo ou tô trincando ou extorquindo os viciados 
Eu fico rindo e o bolso do uniforme fica inchado
Hí!Hí! Um cafezinho aqui! 
Uma cervejinha ali (tô ligado) 
Rá! Eu sei que eu não presto! 
Meu colega diz (cê tá exagerando...) Ah você que é muito honesto! 
Detesto lição de moral cê devia fazer igual e abusar da autoridade 
Esse é o único poder que essa droga de sociedade me dá o prazer de sentir o gostinho 
Não tô nem aí se você prefere bancar o policial bonzinho 
Perfeito 
Mas vou continuar do meu jeito 
Não sou super herói 
E pimenta nos olhos dos outros não dói 
E assim como o rato rói a roupa do rei de Roma eu vou roendo grana 
O poder me corrói 
Tá me corrompendo e a soma vai crescendo (Manda!) 
Morrer é o que num posso mas quanto aos negócios fica frio... 
Enquanto houver crime no Rio eu num volto pra casa de bolso vazio

Refrão

E eu sou o dinheiro 
Todos me amam todos me querem todos adoram sentir meu cheiro 
Mas eu não sou democrático 
Eu sou ingrato 
Quem mais produz riqueza é quem tem menos na mesa 
Que chato 
Pra quem me controla a carne sobra no prato 
Enquanto outros não me conhecem e comem rato 
É fato real 
Rato sem sal 
Saiu no jornal 
Eu sou imundo 
Que tal? 
Eu sou o grande culpado nesse mundo tão desigual 
E gero o preconceito social: Quem me tem vive bem quem num tem passa mal (sera?) 
Loto 
Jogo do bicho 
Cês sonham comigo o tempo inteiro 
O capitalismo é que nem Silvio Santos (Oi Tudo por dinheiro!) 
É que vocês pensam pequeno 
Vocês são um bicho muito ingênuo
O que parece ser o antídoto pode ser o próprio veneno
E o que parece essencial talvez seja supérfulo 
E o que cês sonham encontra lá longe tão perto!
A felicidade é uma muleta e vocês são todos mancos 
Ela não cabe numa maleta 
Não cabe no cofre 
Não cabe em bancos 
Qualquer que seja a profissão que você exerça 
Não deixe que a sua (fixação) por Tio Patinhas lhe suba a cabeça 
Vocês humanos estão cegos 
Me supervalorizam demais 
Cada vez mais 
A cada segundo que passa 
Deixam seu mundo em constante ameaça me pondo acima de Deus e o diabo 
Desse jeito eu acabo com a sua raça